segunda-feira, 23 de julho de 2007

INFLUENCIADORES E HÁBITOS DE MÍDIA NO COMPORTAMENTO DO CONSUMO DE MODA - PARTE 2

Cada cabide, uma sentença

O comportamento de consumo pode ser explicado pela necessidade de expressar significados mediante a posse de produtos que comunicam à sociedade como o indivíduo se percebe enquanto interagente com grupos sociais. Os atributos simbólicos são dependentes do contexto social. Sendo a moda símbolo na sua própria essência, parece certo afirmar que à ela se aplica perfeitamente esta transferência de significados, visando a comunicação entre os integrantes de sociedades, onde tudo comunica e onde“[...] o vestuário é comunicação” (Eco, 1989, p. 07).


O indivíduo possui tendência psicológica à imitação, esta proporciona a satisfação de não estar sozinho em suas ações. Ao imitar não só transfere a atividade criativa, mas também a responsabilidade sobre a ação dele para o outro. A necessidade de imitação vem da necessidade de similaridade. Sob esta dimensão conclui-se que moda é a imitação de modelo estabelecido que satisfaça a demanda por adaptação social, diferenciação e desejo de mudar, sendo baseada pela adoção por grupo social (Simmel, 1904).

Todos os dias, ao abrirmos o armário em busca de vestimentas adequadas para pôr os pés no mundo, procuramos algo que possa nos distinguir. Lenço, brinco, paletó que nos deixe alguns centímetros acima da humanidade.
Queremos nos desassociar dos clichês vulgares, ter personalidade. Ser diferentes das pessoas comuns e semelhantes aos nossos pares – sejam eles surfistas, camponeses, hindus ou beduínos. Ao mesmo tempo em que consegue ser única, tornando cada indivíduo singular, a moda agrega os iguais com seu canto de sereia, oferecendo uma ponte de comunicação silenciosa.

A lógica é a diferença individual e a inovação estética, ou promoção da identidade pessoal e legitimação da expressão individual. Ou seja, diferenciar para singularizar, ao mesmo tempo que não rompe com os padrões da sociedade. Esta parece ser a interpretação de Lipovetsky (1989, p.39), quando diz:
Mas a moda não foi somente um palco de apreciação do espetáculo dos outros; desencadeou, ao mesmo tempo, um investimento de si, uma auto-observação estética sem nenhuma precedente. A moda tem ligação com o prazer de ver, mas também com o prazer de ser visto, de exibir-se ao olhar do outro.


A moda funciona como carteira de identidade de uma pessoa ou grupo, predominantemente durante certo período em determinada região (Sproles, 1981). Trata-se de dispositivo social, portanto o comportamento orientado por ela é fenômeno presente na interação do homem com o mundo. Ato de narcisismo e de generosidade, porque é para si e também para o outro.


É também processo de adoção de símbolos que provê de identidade os indivíduos, uns em relação aos outros (Miller et al., 1993). Mesmo aqueles que afirmam jamais segui-la de perto (os membros do mundo “anti-fashion”) consomem pelo menos dois de seus mais badalados produtos – jeans e camisetas. O valor simbólico agregado ao valor funcional dos objetos de consumo vêm atender a objetivo claro: acompanhar as mudanças das estruturas sociais e interpessoais (Baudrillard, 1995).

Muitos fatores psicológicos ajudam a explicar por que pessoas são motivadas para estar na moda, tais como conformidade social, busca da variedade, criatividade pessoal e atração sexual. Estes consumidores têm necessidade de ser únicos, querem ser diferentes, mas não tão diferentes assim que percam a sua identidade social (Solomon, 1996).

Por Ana Paula Celso de Miranda* e Maria Carolina Garcia**

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